Por que IFologia Pop (IFP)?
Antes de mais nada, você deve estar se perguntando “o que significa IFP”?
IFologia é o “estudo da Independência Financeira” (ok, não sei se essa palavra já existe oficialmente, mas fica a dica para os dicionaristas). Já a palavra Pop se refere àquilo que é popular, comum, normal, plebeu, “do povo”.
A ideia desse blog surgiu com o humilde intuito de registrar a jornada da “família IFP” rumo à independência financeira e estimular o estudo da independência financeira de maneira geral.
IFP é um espaço que se propõe a explorar temas relacionados à independência financeira, dando ênfase aos conceitos particularmente relevantes à realidade do cidadão comum e encorajá-lo a otimizar sua jornada rumo à independência financeira. Portanto, se você não veio ao mundo com renda passiva garantida “de berço”, se você depende do próprio trabalho (renda ativa) para botar comida na mesa e/ou é o único responsável por construir o próprio patrimônio, bem-vindo ao clube!
Mi casa, su casa!
Eu acredito piamente que qualquer pessoa que aplique os conceitos abordados nesse blog pode atingir a independência financeira! E, por isso, convido-o a trilhar essa jornada comigo!
Sobre o idealizador do IFologia Pop
Antes de me tornar um “IFólogo” eu era apenas “Pop” mesmo (um clássico plebeu). Um cara comum, com planos comuns de trabalhar os melhores 40 anos da minha vida, aposentar-me pelo INSS e ficar reclamando do reajuste defasado da aposentadoria com outros idosos em alguma praça por aí.
Apesar da origem humilde, eu sou um plebeu extremamente privilegiado – nunca passei fome, sempre tive um teto, tive oportunidade de estudar e cresci em uma família que me deu todo o suporte emocional e financeiro que eu precisava. Embora muitos plebeus tenham crescido em realidades mais desafiadoras que a minha, o ponto é que não escapei da condição moderna de plebeu:
Eu preciso vender horas da minha preciosa e limitada vida por dinheiro para sobreviver!
Comecei a trabalhar com 15 anos quando aprendi a afinar e regular pianos com meu avô. Eu achava “o máximo” ganhar um salário mínimo por mês. Eu fazia meu horário e podia conciliar trabalho/estudos com certa facilidade. Minha motivação era apenas cobrir meus “gastos de adolescente” e, como eu era super frugal, um salário mínimo era mais que suficiente. Para mim, “renda” era sempre “ativa” (proveniente de alguma atividade laboral). Eu sequer concebia a possibilidade de poupar para “comprar ativos” geradores de renda passiva.
Como muitos “plebeus raiz”, eu achava que ser “financeiramente responsável” (evitar dívidas e não ter um fluxo de caixa negativo) era suficiente. Como eu operava sob a lógica do “zero a zero é vitória”, a inflação de estilo de vida era minha amiga. Até os meus vinte e poucos anos eu acreditava que ser “bem-sucedido financeiramente” era ter um “bom salário” e conseguir pagar minhas contas em dia. O problema é que essa visão de “sucesso” me manteria com o patrimônio zerado e dependente de renda ativa pro resto da vida. Pura inocência plebeia…
Em 2010, com 23 anos, eu me casei e também me formei em Psicologia.
Depois resolvi fazer duas pós graduações (Psicologia Clínica e Sociologia), estudar para um concurso do INSS e continuei trabalhando com pianos para continuar fechando o mês no “zero a zero”.
Em 2014, com 27 anos, eu comecei a trabalhar no INSS. E passei a aposentar todos os dias “plebeus responsáveis”, como eu, que trabalharam e pagaram suas contas em dia a vida toda e não tinham absolutamente nenhum “ativo” além do benefício previdenciário a que tinham direito (quase sempre menor que seu custo de vida, obrigando-os a continuar dependentes de algum tipo de “renda ativa” na velhice).
O mais triste era analisar o caso dos que sequer tinham contribuído para a previdência e quando “completavam a idade” chegavam na agência felizes para “se aposentar”. Como explicar (sem chorar) para um senhor analfabeto de 65 anos, cheio de calos nas mãos, que trabalha desde os 10 anos na informalidade, que ele deveria ter contribuído no mínimo 15 anos (regra antiga) para ter direito à aposentadoria? Enfim, todos os dias eu, que nunca liguei muito pra “ter dinheiro”, era confrontado com o efeito devastador da falta de educação financeira na vida das pessoas. O INSS me abriu os olhos para a importância de planejamento financeiro/previdenciário e de não “deixar a vida me levar” para depois ver no que ia dar (eu estava vendo todos os dias “no que ia dar”). É claro que um benefício previdenciário é bem-vindo. Mas um salário mínimo não deveria ser a única fonte de renda de ninguém na velhice (mais de 70% dos aposentados recebem apenas um salário mínimo e esse caldo tende a engrossar com as novas regras).
Aí em 2015 veio a paternidade. E com ela o desejo de não precisar mais vender tanta “vida” só para botar comida na mesa. Da noite pro dia eu descobri que não havia nada de romântico em ficar 10 horas fora de casa “no corre”, só pra chegar em casa “quebrado” demais para aproveitar meu “tempo livre” com as pessoas que amo. Passar a semana toda ansiando pelo fim de semana, só para poder “viver um pouco”, não me parecia mais uma estratégia sustentável. Eu não podia mais reduzir os melhores anos da minha vida à “pseudo vida” do fim de semana.

O nascimento da minha filha culminou com um período de greve no INSS por melhores condições de trabalho. E eu, com uma recém nascida em casa, tive meu salário suspenso por um tempo e não tinha reserva de emergência para passar nenhum mês.
A paternidade foi me deixando cada vez mais desconfortável com a ideia de depender apenas de renda ativa para sobreviver. E se acontecesse alguma outra coisa e eu ficasse sem salário por um tempo?
Eu sentia que precisava tornar o meu trabalho algo totalmente opcional. Não porque eu queria parar de trabalhar (pretendo trabalhar enquanto a vida me permitir), mas porque eu queria ter a liberdade de trabalhar no que eu quisesse (mesmo que não “dê dinheiro”), quando quisesse (sempre reservando tempo e energia para as pessoas que amo) e onde quisesse (liberdade geográfica).
E foi assim que em 2017, com 30 anos na cara, “a minha ficha finalmente caiu” e eu decidi focar em substituir gradativamente a minha dependência de renda ativa (proveniente das horas que “vendo” por dinheiro), por renda passiva (proveniente de patrimônio investido). Eu ainda não sabia muito bem quais estratégias adotar e nem sabia que havia todo um movimento de proporções globais chamado FIRE (Financial Independence, Retire Early), mas eu já tinha entendido que minha saída se chamava “Independência Financeira”.
O problema é que até 2017 eu apenas “trabalhava pelo dinheiro”, não tinha “nenhum centavo trabalhando para mim” e o único “patrimônio” que eu tinha era um sofrido Spacefox 2007 (quebrando, “bebendo” e se depreciando na “velocidade da luz”). Eu nunca tinha investido nenhum centavo na vida, mas também não tinha dívidas (o que na verdade foi um excelente lugar para começar nossa maratona IF). Passei a estudar sobre finanças pessoais, investimentos, frugalidade e qualquer outro tema relacionado à independência financeira feito um lunático.
Perdi os primeiros meses da nossa caminhada com especulação, “trades”, obcecado com “médias móveis”, “suportes/resistências”, “linhas de tendência”, “fibonacci” e com a ideia de retornos espetaculares. Mas no final do primeiro ano (depois de vários livros, blogs, vídeos, podcasts e “pauladas do mercado”) eu entendi que o que realmente fazia sentido para nós era focar em aumentar a nossa taxa de poupança (diferença entre renda familiar e custo de vida) e investir para o longo prazo (buy & hold raiz).
Otimizamos a “defesa” mudando alguns hábitos de consumo (passei a ir de bike para o trabalho e diminuímos a frequência de “comida fora”, por exemplo). E repensamos a estratégia de “ataque” optando por uma forma alternativa de “arbitragem geográfica” (mudar para os EUA para aumentar o “gap” entre renda e despesas durante o período de acumulação de patrimônio e turbinar nossa jornada IF). Iniciamos o processo do Green Card em 2017 e ficamos no Brasil até 2019 (como a senhora IFP é de nacionalidade estadunidense, essa foi uma alternativa possível para nós). Enquanto esperávamos o desenrolar do processo, em 2018 passamos a morar com meus irmãos para destruir nosso custo com moradia.
Após nos mudarmos para os EUA e trabalhar por 5 meses, a pandemia bateu com força por aqui . Eu perdi o meu emprego e decidi ficar em casa com minha filha, que também “perdeu a escola”, até as coisas se acalmarem. Eu já tinha a ideia de começar um blog e a pandemia foi a “tempestade perfeita”…
Enfim, é um prazer tê-lo(a) por aqui querido(a) IFólogo(a).
Bora estudar IFologia?
Sensacional. Você envolveu sua família nuclear para esse projeto, existe alguma possibilidade de envolver um grupo ainda maior? Por exemplo, se eu reunisse 20 amigos próximos ou familiares com o mesmo objetivo, existe alguma possibilidade de obtermos vantagens trabalhando em comunidade? Matematicamente falando, poderíamos nos beneficiar caminhando juntos? Grande abraço
Fala Lucas!
Pergunta interessante! Rsrs…
Então… Pensando puramente pelo lado dos gastos e no ganho de escala da vida em comunidade, sim. Ter colega de quarto, por exemplo, acaba diminuindo o custo de vida “por cabeça” …
Isso sem dúvida pode acelerar o processo de independência financeira individual de cada um.
Mas daí para construir um patrimônio em conjunto com um grupo de amigos, para que o grupo se torne financeiramente independente como uma grande família, já estamos falando de um experimento comunista.
Muitos conseguem viver um “comunismo raiz” a nível familiar de forma totalmente funcional (eu, por exemplo). Mas eu reconheço que nem no nível familiar ele funciona para todos. Dependendo das diferenças de prioridades, sonhos e valores entre os cônjuges, ter as finanças separadas pode ser a melhor opção. E não há certo ou errado, apenas aquilo que é mais adequado à realidade de cada um.
Eu não vou dizer que é impossível desse tipo de comunismo familiar dar certo em uma escala um pouco maior, porque já conheci comunidades rurais que são completamente autossuficientes e desfrutam de algum nível de independência financeira coletivamente. Mas, infelizmente, possibilidade é diferente de probabilidade. Quanto mais pessoas com prioridades, sonhos e valores diferentes são incluídas no experimento, maior a probabilidade de ele dar errado.
Enfim, eu pessoalmente prefiro limitar esse “comunismo raiz” ao nível familiar e manter total autonomia sobre as minhas decisões financeiras, já que estamos falando de dinheiro adquirido com a venda das minhas limitadas horas de vida. Afinal de contas, ninguém tem mais interesse do que eu em alocar as minhas horas de vida (transformadas em dinheiro ou não) da maneira mais eficiente possível.
Mantendo total autonomia sobre minhas decisões, posso, inclusive, escolher ser generoso com família e amigos, ajudando-os nas suas jornadas individuais rumo à independência financeira (financeiramente ou doando o meu tempo, por exemplo) …
Mas essa é apenas a humilde opinião de um anônimo na internet. kkkk
Um abraço!