Desde que acordamos para a necessidade de começar a construir patrimônio há pouco mais de 4 anos, temos nos surpreendido com uma constante:
É muito mais difícil conseguir os primeiros 10 mil, 50 mil ou 100 mil, do que os próximos 10 mil, 50 mil ou 100 mil de patrimônio!
Ou seja, depois que você começa, vai ficando cada vez mais fácil e rápido construir seu patrimônio.
No nosso caso, por exemplo, demoramos 3 anos de muita ralação e intencionalidade para conseguir os primeiros R$ 100.000 de patrimônio.
Bem, na verdade demoramos uma vida toda (33 anos) para atingir os primeiros R$ 100.000, né… rsrs

Porém, foram efetivamente 3 anos desde que começamos a poupar e investir em 2017 e ser intencionais com nossas finanças.
Mas aí começou a sequência de surpresas que superou as minhas projeções mais otimistas.
Apenas um ano depois dos primeiros R$ 100.000, já tínhamos passado dos R$ 300.000. E 6 meses depois dos primeiros R$ 300.000, já passamos dos R$ 500.000.

Nesse ritmo, calculo que seremos milionários em no máximo 6 anos de investimento. Ou seja, a metade do primeiro milhão, em termos cronológicos, para nós será por volta dos R$ 100.000 (ou menos).
Bizarro, né?
Inclusive, o grande Charlie Munger já disse que:
Os primeiros $100.000 são uma #$@, mas você tem fazê-los. Não interessa o que você precisa fazer – se vai andar a pé e não vai comer nada que não foi comprado com um cupom de desconto, encontre uma forma de colocar suas mãos em $100.000. Depois disso você pode tirar o pé do acelerador um pouco.
Tradução livre.
Mas quais seriam os fatores que contribuem para essa assimetria de dificuldade tão grande?
Seu “capital financeiro” trabalha cada vez mais forte ao seu favor
O primeiro, e mais óbvio, fator é que a maior parte dos primeiros 100 mil reais geralmente vem da sua renda ativa (aportes). Ou seja, você tem menos dinheiro trabalhando para você do que nos próximos 100 mil reais.
Vamos supor que você consiga investir R$ 1.000 todo mês. Considerando, a título exemplificativo, um retorno nominal de 10% ao ano, quanto tempo você demoraria para conseguir cada R$ 100.000?

“Ah IFP, mas 10% nominal ao ano não é muito?”
Não! O retorno nominal médio do Ibovespa nos últimos 50 anos é de 11,74% ao ano (em dólar). Já o retorno nominal médio do S&P 500 de 1926 a 2020 está em 12,22% ao ano.
Vamos manter tudo em valores nominais para simplificar as simulações, já que estamos falando também de objetivos nominais. Mas é claro que a inflação deve ser considerada, já que um milhão de reais hoje obviamente tem um poder de compra maior do que um milhão daqui a 10 anos.
Nesse exemplo, mesmo que você nunca aumente o valor nominal dos seus aportes, você demoraria 74 meses (6,16 anos) para conseguir os primeiros R$ 100.000 e mais 204 meses (17 anos) para conseguir os próximos R$ 900.000 (e finalmente atingir a marca de um milhão de reais). Ou seja, embora R$ 500.000 seja a “metade do caminho” em termos financeiros, nesse exemplo, a metade do caminho em termos cronológicos é apenas 139 meses (11,58 anos) ou R$ 251.336 (mesmo sem nunca aumentar os seus aportes).
Outra forma interessante de olhar para esse exemplo é comparando o tempo que demora para sair de R$ 0 para R$ 100.000 (6,16 anos) com o tempo que demora para sair de R$ 500.000 para R$ 1.000.000 (6,16 anos).
Sim, exatamente o mesmo tempo!!

Mesmo sem aumentar os seus aportes!!
Nesse caso, os R$ 500.000 já são na verdade 73,38% da jornada rumo ao primeiro milhão!
Mas esse é apenas o poder de colocar o dinheiro para trabalhar ao seu favor.
Nenhum mistério nisso.
O seu “capital humano” também aumenta
Quem está sempre buscando evoluir e se reinventar, inevitavelmente acaba aumentando o valor da sua hora de trabalho com o passar do tempo (bem acima da inflação).
Ou seja, para construir os próximos R$ 900.000 você, não apenas tem os primeiros R$ 100.000 te ajudando, mas sua receita familiar também estará maior. Consequentemente, sua capacidade de aportes maiores também acelera o processo.
Continuando com o mesmo raciocínio acima, para manter a conta simples; suponha que apenas depois dos primeiros 74 meses (6,16 anos) que levou para acumular os primeiros R$ 100.000, você aumenta a sua capacidade de aporte em 39,59% (Ou seja, R$ 1.395,90).
“Ah IFP, mas esse aumento de aporte é irreal! Ahh, Ahh!!”
Não é não. 39,59% foi apenas o reajuste acumulado do salário mínimo nos últimos 6 anos. Ou seja, estamos presumindo que o seu salário tenha apenas acompanhado o reajuste do salário mínimo nos últimos 6,16 anos. E ainda estamos assumindo que sua capacidade de aporte permaneceu estagnada nos primeiros 6,16 anos e permanecerá estagnada após esse reajuste pontual de 39,59% (o que é muito improvável).
Agora, os próximos R$ 900.000 levam 184 meses (15,33 anos). Ou seja, agora a “metade do caminho” em termos cronológicos é 129 meses (10,75 anos) ou R$ 249.846.
Você antecipou o seu primeiro milhão em 20 meses (1,66 anos) da primeira simulação!
Você se torna um investidor cada vez mais experiente
A maioria dos investidores que eu conheço cometeram seus maiores erros nos primeiros anos de investimento.
Quanto mais “macaco velho” um investidor vai ficando, menos ele fica buscando retornos espetaculares, e mais ele passa a focar em gerenciamento de risco. O que, ironicamente, tende a trazer resultados melhores no longo prazo.
“Uai, por que IFP?”
Lembra da regra número 1 do Warren Buffett?
Nunca perca dinheiro!
Pois é…

Um bom gerenciamento de risco aumenta em muito as chances de uma performance média melhor no longo prazo; pois recuperar um dinheiro perdido é mais difícil do que perdê-lo. Ou seja, exige um retorno percentual maior do que a porcentagem perdida (como exemplificado na tabela acima).
Suponha que apenas após chegar aos primeiros R$ 100.000, após 6,16 anos investindo, você ganha o título de “investidor macaco velho” e passa a conseguir o retorno nominal médio do Ibovespa por causa disso (11,74% ao ano).
Agora, os próximos R$ 900.000 levam 165 meses (13,75 anos). Ou seja, agora a “metade do caminho” em termos cronológicos é 119,5 meses (9,95 anos) ou R$ 229.236.
Você antecipou o seu primeiro milhão em 39 meses (3,25 anos) da primeira simulação!
Sua eficiência em viver bem com menos também aumenta
Não tem jeito. Uma vez que você começa a praticar o esporte da otimização, seu custo de vida tende a cair com o tempo; e sem nenhum comprometimento de qualidade de vida.
Seja porque você terminou de pagar aquele carro novo que você comprou antes de ler “Pai rico, Pai Pobre“. Ou tenha aprendido a comprar carro como um milionário. Ou tenha trocado o seu carro por um mais econômico.
Seja porque você “parou de comprar coisas que você não precisa, com dinheiro que você não tem, para impressionar pessoas que você nem gosta”, porque você “saiu da caverna“.
Ou porque você passou a morar mais perto do trabalho ou trabalhar mais perto de casa (podendo agora caminhar, pedalar ou pelo menos gastar menos com transporte).
Ou ainda porque você “hackeou” o seu custo com moradia ou implementou algum tipo de arbitragem geográfica.
Talvez você começou a cortar o próprio cabelo em casa, fazer jejum intermitente, aprendeu a cozinhar melhor e ser mais estratégico ao comprar comida.
Ou, ainda, aprendeu a declarar o próprio imposto de renda.
Enfim, as possibilidades de otimização são inúmeras para quem “sai da caverna“.
Supondo que, ao chegar nos primeiros R$ 100.000, você tenha otimizado o seu custo de vida a ponto de liberar mais R$ 604,10 do seu orçamento (arredondando sua capacidade de aporte mensal para R$ 2.000).
Agora, os próximos R$ 900.000 levam 147 meses (12,25 anos). Ou seja, a “metade do caminho” em termos cronológicos passa a ser 110,5 meses (9,20 anos) ou R$ 223.951.
Você antecipou o seu primeiro milhão em 57 meses (4,75 anos) da primeira simulação!
A inflação “ajuda” nos próximos R$ 900.000
Essa é uma “ajuda” entre aspas. Mas como o exemplo traz incrementos nominalmente iguais ao longo do tempo, não podemos esquecer a “ajuda” da inflação.
Cada próximo R$100.000 representa um valor real menor que o anterior por causa da “querida” inflação. Consequentemente, cada próximo R$ 100.000 se torna mais “fácil” de conseguir, também por esse motivo.
Eu vou parar as simulações por aqui, porque a ideia era apenas mostrar como a “metade do caminho” não é fixa e pode ser antecipada por uma série de fatores.
Moral da história
Atingir os primeiros 100 mil reais de patrimônio talvez seja a parte mais árdua da jornada rumo à independência financeira da maioria das pessoas. Mas não desanime, os próximos 100 mil virão de maneira cada vez mais rápida e fácil!
Graças aos juros compostos, a “metade do caminho” não é a metade numérica do patrimônio que você precisa.
Além disso, essa metade cronológica não é fixa e varia de acordo com inúmeras variáveis que envolvem “ganhar mais“, “gastar menos” e “investir melhor“.
As simulações acima apenas incluíram alterações pontuais na marca dos R$ 100.000 (nada antes e nada depois). Entretanto, já dá para perceber como pequenos ganhos marginais ao longo do tempo fazem diferença e aceleram a sua jornada IF!
Nosso cérebro tem dificuldade de conceber o impacto exponencial que essas pequenas otimizações terão no longo prazo.
Mas se você está sendo intencional em otimizar sua jornada IF nesses três aspectos (“ganhar mais, “gastar menos” e “investir melhor“), prepare-se para reajustar suas previsões, pois a sua independência financeira vai chegar antes do que você pensa!
Um abraço e sucesso na sua jornada, IFólogo(a)!
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Excelente post.
Obrigado!
Oi IFP
Um ótimo post com boas referências (ainda não conclui, pois são muitas leituras). Ainda estou na corrida, mas como você comentou: “Depois disso você pode tirar o pé do acelerador um pouco”.
Mas já consigo aproveitar melhor a jornada e a linha de chegada ocorrerá naturalmente.
Abraços,
Oi VAR!
Um erro muito comum é focar apenas no destino e esquecer de aproveitar a jornada… Que bom que está conseguindo curtir a jornada também!
Um abraço!
Caramba, que ótimo post. É bem verdade mesmo, conseguir os primeiros 100 mil demoram, é doloroso, difícil, mas necessário. Depois o bolo de neve começa a funcionar e como vc mostrou com excelencia, vai ficando cada vez mais fácil.
Show de bola. Abcs AA40
Fala AA40!
É importante, principalmente pra quem está começando, entender que esse processo de “bola de neve” realmente acontece… Se cada 100 mil tivesse o mesmo nível de dificuldade eu já teria desistido… rsrs
Obrigado pela visita!
Um abraço!
Eu levei quatro anos para ter o primeiro 100 mil.
Como consegui?
– Tenho casa própria
– Tenho poço artesiano, só pago taxa de saneamento.
– Só utilizo energia elétrica a noite, e estou em breve colocando painéis solares.
– Meu carro é agregado e recebo um valor mensal por usar ele no trabalho.
– Combustível é pago pela empresa.
– Faço Jejum Intermitente de 18hrs e 24hrs.
– Minhas refeições são frutas e legumes em 70%.
– Corto meu cabelo com máquina comprada na China.
– Faço minha declaração com meus informes de rendimentos.
– Nunca faço aportes mensais de uma vez, sempre fracionado no mês, exemplo: 2000/4×500, assim eu analiso as taxas altas e baixas durante o mês, observando o cenário político.
Rumo ao primeiro milhão!
Parabéns pela conquista Neo!
Sucesso na sua jornada!
Oi IFP, post muito bacana. O primeiro degrau é sempre o mais difícil para subir, e muitas pessoas acabam desistindo antes mesmo do primeiro degrau. Quando a gente olha para o total do patrimônio que almejamos alcançar, parece ser algo surreal, uma missão impossível. Mas se não tivermos tanta pressa, e construindo o patrimônio aos poucos, tijolo por tijolo, com a ajuda do tempo e juros compostos, o plano vai dando certo. E como muitos de nós temos o costume de fazer projeções pessimistas, o plano da IF acaba antecipando alguns bons anos. Beijos.
Oi Yuka!
Realmente é desanimador quando calculamos o quanto precisamos construir para atingir IF, porque o nosso cérebro tem dificuldade de visualizar esse processo de “bola de neve”. Se não houvesse essa assimetria tão grande de dificuldade entre cada degrau, pouquíssimos chegariam no fim da escada… rsrs
Um abraço!
Post riquíssimo, parabéns!
Os primeiros R$ 100.000,00 são os mais difíceis, mesmo! Para mim veio com muito suor e foi embora muito rápido também. Quando bati 100 mil a primeira vez, peguei um carro premium. Quando atingi de novo, dei os 100 mil mais o carro antigo e peguei um carro mais caro. Erros da juventude!
Siga em frente!
Abraços!
Olá IP!
Pois é… não entender a diferença conceitual do Kiyosaki de ativo e passivo atrasou bastante o meu processo de construção de patrimônio. E isso acontece com a maioria dos brasileiros, infelizmente…
Um abraço!
Sensacional! Isso me animou muito IFólogo!! Fiquei meio perdida com esse monte de números, rss, mas muito otimista. O que eu mais preciso agora é aprender a investir. Mas não estou desesperada pra ser fire, já começo a ver que talvez a jornada será mais interessante do que a chegada. Chorando de rir aqui com o primeiro senhorzinho, kkkkkk. Obrigada e um abraço!
Olá Éllen!
Exatamente! Temos que aproveitar a jornada!
Muito sucesso na sua!
Um abraço!
Fala IFP!
Excelente reflexão, e bóra sempre aprender, errar, aprender, errar, aprender… evoluir e se reinventar, that’s all we need…
Abração!!!!
Exatamente One!
Um abraço!
Excelente post, e muito motivador para quem está começando !
Quanto antes a pessoa se conscientizar que pode alcançar um nível bom de patrimônio, maiores as chances de conseguir.. e no caminho os juros compostos vão ajudando muito, é só confiar e seguir o caminho !
Pois é Rafael… Taxa de Retorno e Taxa de Poupança devem ser os dois principais focos de todo aspirante a IF!
Um abraço!
Cara parabéns pelo texto é também pela clareza de ideias lá no Boteco FIRE.
Bons ventos amigo.
Abraço
Obrigado Pepe Frugal!
Sucesso na sua jornada!