Você sabia que a energia elétrica que você está usando aí na sua casa nesse exato momento muito provavelmente está sendo produzida agora (tempo) e a uma distância relativamente próxima da sua casa (espaço)?
Isso acontece porque um dos grandes problemas da energia elétrica é a dificuldade em armazená-la e transferi-la através do tempo e espaço de forma viável.
O elemento espaço é um grande desafio, já que quanto maior a distância entre produção e consumo, maior o custo de transmissão dessa energia e maior a sua “perda no caminho”.
O elemento tempo é outro grande desafio, já que só é possível armazenar energia para depois se utilizarmos baterias. E baterias “sangram”.
O que é uma bateria?
Bateria é qualquer dispositivo que permite a desvinculação espaço-temporal entre a produção e utilização da energia armazenada. Você pode, por exemplo, carregar a bateria do seu laptop no Japão para usá-lo dois dias depois (tempo) no Brasil (espaço).
Mas esse exemplo evidencia os problemas da energia através do tempo e espaço:
Se você já guardou seu computador com a bateria cheia por alguns meses, percebeu que baterias “sangram”, ou “perdem carga”, mesmo sem serem usadas (tempo).
E não preciso nem dizer que a energia gasta viajando do Japão até o Brasil é muito maior do que a energia que você consegue trazer em baterias na viagem, né? Por isso você nunca vai ver contrabando de energia elétrica do Japão pro Brasil (espaço).
Quando adotamos esse conceito mais genérico de bateria percebemos que praticamente tudo pode ser usado como uma bateria.
Uma barragem em uma usina hidrelétrica, um saco de carvão, um barril de petróleo, uma árvore e até um pedaço de carne nada mais são do que tipos diferentes de bateria. Ou seja, formas de distanciar produção da utilização de energia no espaço e no tempo.
Dinheiro como um tipo de bateria
Dinheiro é uma das formas mais eficientes de transformar um tipo de energia em outro e, consequentemente, reduzir o “atrito natural” do deslocamento de qualquer tipo de energia através do tempo e espaço (entropia).
Ele me permite, por exemplo, armazenar energia vital em energia monetária para que eu possa ter mais flexibilidade de quando e onde faz mais sentido trocá-la por qualquer outro tipo de energia (energia elétrica, térmica, vital, calorias, etc.).
Moedas fiduciárias (soft money) são baterias superiores ao ouro (hard money), por exemplo, quando consideramos o elemento espaço. Ou seja, é mais barato transferir um milhão de dólares em moeda fiduciária do que um milhão de dólares em ouro físico de um país para outro.
Entretanto, o ouro é uma bateria superior às moedas fiduciárias quando consideramos o elemento tempo. Ou seja, o ouro retém melhor sua energia monetária ao longo do tempo devido à sua escassez. Já as moedas fiduciárias tendem a perder energia monetária ao longo do tempo devido à sua oferta ilimitada.
Bitcoin como uma bateria superior
Eu demorei muito para entender que o Bitcoin nada mais é do que uma tecnologia incomparavelmente superior de armazenamento de energia através do tempo, e de transferência de energia através do espaço.
Bitcoin é a primeira bateria completamente imune à “entropia espaço-temporal“. Ou seja, é o primeiro dispositivo que não “sangra” ao longo do tempo e “sangra” em um ritmo completamente insignificante ao longo do espaço.
Bitcoin e o espaço
Eu faço aula de espanhol online com um professor argentino.
E pensa numa dificuldade para transferir energia monetária daqui dos EUA pra Argentina…

Precisamos nos preocupar com taxas, impostos, spread, cotação do mercado negro (dólar blue). Ao todo, eu perco 15% com taxas pra fazer a transferência com os cambalachos necessários pra ele conseguir a cotação informal, que é quase o dobro da cotação oficial; e ele perde mais uns “quebrados” pra receber esse dinheiro. Ou seja, a cada $100 dólares transferidos, “sangramos” mais de $15 de energia monetária e precisamos esperar pelo menos um dia útil.
Recentemente eu transferi $100 em Bitcoin para outra pessoa no Brasil.
E sabe quanto eu “sangrei” para transferir $100 em energia monetária para alguém a mais de 9 mil quilômetros de distância num domingo à noite?
7 centavos e menos de 15 minutos.

Pois é…
E a portabilidade do bitcoin é tão bizarra que eu posso fugir de um país no meio de uma guerra, deixando tudo para trás, e ainda assim trazer meus bitcoins comigo, no meu cérebro, apenas memorizando a minha chave privada.
Resumindo, bitcoin é uma excelente alternativa de transferência de energia através do espaço.
Bitcoin e o tempo
Qualquer um que já tentou armazenar frutas por alguns meses, ou dinheiro por alguns anos percebeu que nem todas as baterias são boas em “segurar a carga” ao longo do tempo.
Frutas apodrecem.
Moedas fiduciárias “sangram” ao longo do tempo porque sua oferta ilimitada dilui a energia monetária que cada nota é capaz de armazenar.

Um imóvel “sangra” ao longo do tempo porque, além de precisar de manutenção, ele nunca será realmente seu. Não acredita? Experimente não pagar o imposto para ver o que acontece.
O “seu imóvel” na verdade é do estado, e ele te permite comprar apenas o “direito de pagar o aluguel”, mais conhecido como imposto. Ou seja, imóvel pode até ser uma bateria mais eficiente em reter energia monetária do que moedas fiduciárias, mas ainda “sangra” ao longo do tempo.
Mesmo o ouro, conhecido como hard money, “sangra” ao longo do tempo porque sua mineração de aproximadamente 2% ao ano dilui a energia monetária que cada grama de ouro é capaz de armazenar. Sem falar no custo de guardá-lo de forma segura, e ainda o fato de ele ter sido confiscado inúmeras vezes ao longo da história.
Bitcoin, entretanto, é escasso, digital, descentralizado e incorromptível. Essas propriedades o torna uma excelente bateria, pois não há diluição, não há custo de armazenamento, não há decaimento/apodrecimento/envelhecimento, e não há possibilidade de desligamento ou confisco.
Bitcoin é uma bateria que não “sangra”.
Pelo contrário.
A escassez absoluta embutida no seu código o transforma na única bateria que não apenas não “sangra”, mas que acumula cada vez mais energia monetária dentro de cada Satoshi ao longo do tempo.

“Mas e a volatilidade?”
No curto prazo o bitcoin é uma urna emocionante; no longo prazo é uma balança.
Se olharmos muito de perto só “vemos barulho”; ao nos afastarmos um pouco percebemos que sua trajetória ascendente é uma certeza matemática.
Sob o ponto de vista intergeracional, bitcoin é a “renda fixa” com o risco/retorno mais assimétrico que já existiu. Mas, como toda renda fixa, entre você e seu neto existe uma forte “marcação a mercado”.
Nessa montanha russa só morre quem pular fora no meio do passeio.
Resumindo, bitcoin é uma excelente tecnologia de armazenamento de energia através do tempo.
Moral da história
Ao contrário do que muitos dizem, bitcoin é uma tecnologia extremamente disruptiva e de utilidades sem precedentes.
Ele é infalsificável, inconfiscável, incorrompível, apolítico, descentralizado, antifrágil, facilmente auditável, ultraportátil, ultradivisível, imperecível, deflacionário e de fácil transferência.
Ainda por cima é uma bateria projetada para armazenar cada vez mais energia monetária ao longo do tempo.
Existem diversos tipos de baterias que são melhores que o bitcoin em algumas das características listadas acima, mas nenhuma até hoje conseguiu reunir todas elas em apenas um dispositivo.
Bitcoin é disparado o melhor dispositivo de armazenamento e transferência de energia ao longo do tempo e espaço que já inventaram.

Livros que eu li e recomendo:
“O Padrão Bitcoin: A Alternativa Descentralizada ao Banco Central” por Saifedean Ammous
“Thank God for Bitcoin: The Creation, Corruption and Redemption of Money” por vários autores
“The Bulish Case for Bitcoin” por Vijay Boyapati
“The Fiat Standard: The Debt Slavery Alternative to Human Civilization” por Saifedean Ammous
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IF,
Muito interessante o seu post. Eu nunca havia pensado no bitcoin dessa forma.
“Nessa montanha russa só morre quem pular fora no meio do passeio.”
Penso como você. Porém, assim como no mercado de ações, a grande questão é encontrar os momentos mais favoráveis para entrar. E principalmente para sair.
Boa semana!
entar e sair? Isto é market timing e nunca funcionou
Olá SeH!
Eu acho o bitcoin um ativo bem arriscado para trade. Não pretendo montar posição em BTC para “sair” quando o preço subir. BTC já é a “saída”. É uma forma de “operar vendido” em moeda fiduciária e, justamente por isso, é o risco/retorno mais assimétrico que eu já vi para o longo prazo.
Um abraço!
Muito bom.
Adorei as informações.
Obrigado Carollzita!
boa noite IP! Não tenho nada contra as criptomoedas e acho incrível/útil a base da teoria do Blockchain, porém me doi saber que o consumo de energia para gerar bitcoins no ano passado foi maior que o consumo da Argentina inteira (lembro que li isso em algum lugar – para referência é só jogar no google). Como pessoa ainda conservadora e em caminho pra virar um velho rabugento (rsrs) acredito que devíamos encontra melhor uso para tanta energia em um planeta que já está no limite…Não sei…posso estar errado…
Grande abraço!
Fala VVI!
Esse é um tema polêmico que eu pretendo escrever sobre assim que tiver tempo…
Sabe lá Deus quando… rsrs…
Um abraço!
Mais um deslumbrado com o bitcoin. Pode até ser que venha a ser usado em larga escala mas vc acha msm que os governos vão deixar de ter o controle sobre o sistema financeiro? Esquece meu irmão, no dia que eles querem eles retomam o controle…
Ja imaginou o dolar deixando de ser usado e o bitcoin no lugar dele? Eu nao consigo imaginar não…
Fala Nakamura!
Você está esquecendo que “os governos” não são entidades “em si”.
“Os governos” nada mais são do que grupos de pessoas colocadas “lá” através do voto, na maioria dos países.
Muitas dessas pessoas já entenderam o valor do BTC e já possuem exposição pessoal ao ativo. Outros, geralmente mais velhos, que têm mais dificuldade de entender a importância e inevitabilidade de tecnologias disruptivas como o BTC, com certeza têm filhos ou netos que vão entender. É só uma questão de tempo pra essa galera mais resistente ser substituída por uma geração mais aberta ao BTC.
E antes de terem opinião, políticos precisam ter votos. Quanto maior a popularidade do BTC, mais indispensável será “ser a favor de BTC” para ser eleito.
E, não, o dólar não precisa deixar de ser usado pra que o BTC atinja o status de reserva de valor mundial.
Não tem mais volta…
O BTC é inevitável!
Daqui pra frente a única coisa que pode “parar” o BTC é o próprio BTC (por exemplo, algum bug ainda desconhecido no código que comprometa a segurança da rede, possibilite “double-spending”, etc.).
Essa é apenas a opinião de um anônimo na internet…
Mas só pra constar: BTC a $40.000 em 2022…
Onde será que o preço de uma moeda absolutamente escassa, com um ritmo de adoção mais acelerado que a própria internet, vai estar em 2030? rsrs…
Um abraço!